quarta-feira, 29 de maio de 2013

RENOVAÇÃO DA MENTE
Ir  Além  do  Pensamento  Positivo



       O apelo de Romanos 12:2 para sermos transformados pela renovação da nossa mente deixou sempre na minha mente uma pergunta. Como é que este processo funciona? Que papel tem o cérebro neste processo de transformação?
Será este processo semelhante ao que alguns gurus propõem - que podemos realmente controlar os nossos próprios pensamentos e gerar energia positiva, energia que nos conduzirá no sentido de alcançarmos o que desejamos, incluindo o sucesso espiritual? Estará a renovação da mente ao alcance da humanidade, na medida em que trabalhemos conscientemente sobre os nossos padrões de pensamento?
       Um olhar mais atento a Romanos 12:2 traz à luz o facto de o verbo 'ser transformado', ser um verbo passivo. Nós não nos podemos mudar. O próprio Jesus relembra-nos claramente de que os maus pensamentos e todos os tipos de tendências pecaminosas procedem do coração humano (Marcos 7:15, 20-23). A escritora Ellen White relembra que "não podemos mudar o nosso coração, nem reger os nossos pensamentos, impulsos e afeições".1
Portanto, embora os proponentes da gestão do pensamento digam que o poder para mudar, reside no interior do indivíduo, o Cristão compreende que a mente natural é de tal modo corrupta e vil que nunca será capaz de dar a volta à situação. A nossa única esperança está no Espírito do Senhor, que nos pode transformar na imagem que podemos ver, como num espelho, a imagem da glória do Senhor (II Coríntios 3:18).

       Axónios, Dendrites - e Mudança
       O que acontece, realmente, no cérebro, à medida que ocorre o processo de transformação? Cada célula ou neurónio "transmite sinais nervosos, do cérebro e para o cérebro, a cerca de 320km/h. O neurónio é composto por uma célula-corpo (ou soma) com dendrites ramificadas (recetores de sinal) e uma projeção chamada axónio, que conduz o sinal nervoso. Na outra extremidade do axónio, os terminais do axónio transmitem o sinal eletroquímico através de uma sinapse (o espaço entre o terminal do axónio e a célula recetora)".2
Os pensamentos ou as ações (estímulos) ativam a transmissão de substâncias eletroquímicas ao longo destes axónios e dendrites e, onde eles se ligam, nas junções neurais ou sinapses, são trocadas cargas eletroquímicas. À medida que estes axónios e dendrites se ligam, formam vias neurais. Quando estas ligações são repetidas ao longo do tempo, como quando um músico ensaia repetidamente, estas vias neurais tornam-se permanentes, formando aquilo a que chamamos "hábitos".
       A partir do nosso nascimento, estas vias neurais estabelecem o nosso comportamento, e embora os hábitos possam ser formados, eles também podem ser "des-formados" quando escolhemos comportar-nos conscientemente de uma maneira diferente, traçando assim uma nova via neural. Ao longo do tempo, à medida que esta via neural é percorrida, forma-se um novo hábito. Por outras palavras, o cérebro é capaz de se reconectar a si mesmo ao longo da vida, "dependendo da natureza dos seus pensamentos. Certos pensamentos sustentados, produziram diferenças físicas mensuráveis e alteraram a sua estrutura".3 Este conceito de 'neuro-plasticidade' - a capacidade de adaptarmos e mudarmos as nossas redes neurais que continuam a transformar a estrutura do cérebro - apoia inteiramente o conceito bíblico de transformação espiritual. Sim, nós podemos ser transformados!

       Como é que Funciona?
       Portanto, como é que a gestão do pensamento funciona para um Cristão que deseja afastar-se do seu egocentrismo e caminhar em direção a um estilo de vida centrado em Deus, que coloca Cristo e a Sua vontade como prioridade máxima?
Em primeiro lugar, quando Deus toma a iniciativa de plantar um pensamento na nossa mente, convidando-nos a entregarmos-Lhe a nossa vida, nós respondemos com a escolha consciente de nos entregarmos a Ele e também de lhe entregarmos os nossos motivos egoístas. As ideias e as imagens que percorrem a nossa mente necessitam, constantemente, de ser purgadas do Eu e este é um processo longo - o trabalho de uma vida inteira.
       Ellen White comenta que, quando Deus nos convida à mudança, "então Ele operará em nós o querer e o efetuar, segundo a Sua aprovação. Assim, a nossa natureza toda será posta sob o domínio de Cristo".4
       Portanto, Deus é o iniciador e o agente da mudança - não somos nós. Da nossa parte, necessitamos de "aplicar o nosso pensamento à Palavra de Deus. Devemos, ponderadamente, acolher essa Palavra, demorarmo-nos nela, ponderar o seu significado, explorar as suas implicações - especialmente no que diz respeito à nossa própria vida. Devemos, ponderadamente, colocá-la em prática. Ao fazê-lo, seremos assistidos pela graça de Deus de formas muito para além de tudo o que conseguimos compreender por nós mesmos; e as ideias e as imagens que governaram a vida de pensamento de Cristo vão apoderar-se de nós".5
Portanto, a adoração a Deus através da Sua Palavra, com reflexão, meditação e oração, tem o profundo efeito de nos mudar gradualmente, à medida que investimos tempo para convivermos com Deus, tal como Ele é apresentado na Bíblia. O estudo reflexivo (e não apenas correr pela Bíblia para completar a sua leitura integral num ano) é crucial neste processo transformador. Um famoso teólogo diz que "a adoração é a força mais poderosa na realização e sustentação da formação espiritual da pessoa como um todo".6


       Transformado pelo Espírito de Deus
       À medida que adoramos de um modo lento, despreocupado e significativo, Deus reorganiza os nossos pensamentos; Ele muda a nossa visão do mundo, os nossos paradigmas, para vermos as coisas do ângulo de Deus e não da nossa perspetiva egocêntrica. Quando tais intuições ocorrem no cérebro, à medida que meditamos sobre as Escrituras, precisamos de submeter os nossos pensamentos à autoridade de Jesus, para que Ele nos possa mudar, de modo a sermos como Ele e a termos a Sua mente.7
       Os estímulos enviados às células cerebrais durante a adoração serão as promessas de Deus, a Sua instrução, a Sua correção e os Seus mandamentos. Em lugar de percorrermos aquelas velhas vias neurais de comparação com os outros (de ver como posso obter o melhor para mim ou como posso passar à frente dos outros), esses neurónios começam a criar novas associações. Novas vias neurais emergem, que buscam glorificar Deus e estabelecer o Seu reino; novas iniciativas sobre como servir melhor os outros, intuições criativas sobre como remendar uma relação destruída, levam os nossos neurónios, axónios e dendrites a criarem ligações novas em folha.
       Este processo transformador de santificação não pode ser apressado, leva tempo - tempo devocional diário, a sós com Deus. À medida que passamos tempo na Sua presença, a transformação do modo de pensar ocorre, um passo de cada vez. Paulo sabia do que estava a falar quando escreveu sobre a mudança que Deus pode realizar em nós, "não nos forçando, mas trabalhando no nosso interior, com o Seu Espírito, agindo profundamente e gentilmente, de modo que compreendamos as extraordinárias dimensões do amor de Cristo e experimentemos a sua profundidade, a sua largura e a sua altura". Apenas, então, nós poderemos "viver vida plena, cheia da plenitude de Deus" (Efésios 3:18-20, tradução Message).
       A transformação espiritual é um processo único, tanto individual como coletivo, pelo qual crescemos até à imagem de Jesus Cristo e começamos a pensar e a agir como Ele, mesmo enquanto ainda estamos nesta Terra. Não podemos fazer isto por procuração; o indivíduo tem que o experimentar em primeira mão. Depois de o experimentarmos individualmente, o processo impele-nos a alcançarmos os outros; por isso é um processo 'coletivo', porque a formação espiritual é o processo de se ser conformado à imagem de Cristo, para o bem dos outros.8

       Transformação em Lavador de Louça
       Considere a seguinte história, na qual Romanos 12:2 trata de reprogramar as vias neurais de um recém-convertido, um homem reformado.
Lavar pratos não faz parte do seu reportório de comportamentos adquiridos, mas, à medida que o marido A faz a sua meditação em que adora a Deus, Ele abre-lhe os olhos para ver o quanto a sua mulher, dona de casa, tem trabalhado, gerindo eficientemente a casa, durante muitos anos, para que ele possa regressar a um lar com um ambiente limpo e atrativo. O Espírito Santo sussurra-lhe: "Não é já tempo de lhe mostrares a tua apreciação genuína?"
A cada refeição ele é relembrado pelo toque do Espírito e, como resposta, os seus neurónios começam à procura de uma outra via. Em lugar de se levantar no final da refeição e dirigir-se para a sua cadeira favorita, ele agora levanta-se, recolhe os pratos sujos, e dirige-se para o lavatório da cozinha para os lavar. O queixo da sua esposa fica caído de espanto; ela não consegue compreender o que se está a passar.
       Desde o momento em que o Espírito Santo falou com ele e que o marido A tomou aquela decisão consciente, até ao instante em que ele recolhe os pratos sujos, os neurónios estão ocupados a criar estas novas ligações, abandonando os velhos circuitos de caminhar até ao sofá e desfrutar de uma leitura tranquila. Em vez disso, os impulsos elétricos enviados para os músculos através das novas ligações levam o homem a caminhar até ao lavatório da cozinha com a pilha de pratos sujos. Estas novas ligações, se realizadas repetidamente, começam a criar uma impressão cada vez mais profunda e fortalecem esta nova rede para formarem um hábito - o hábito de carregar o fardo de outro. (...)
       Considere o seguinte pensamento, baseado numa década de investigação sobre a transformação espiritual: "Viver profundamente não requer retirar-se para o topo de uma montanha ou iniciar uma jornada própria de um herói; pelo contrário, a convergência da vida e da prática é sobre 'o regresso do herói' - retorno no qual você traz os frutos da sua jornada de autodescoberta para casa, para a sua vida, para a sua família e para a sua comunidade."9
       A verdadeira transformação espiritual não pode ser limitada à privacidade da jornada de um indivíduo; deve - no curso do seu desenvolvimento natural - ter impacto na vida dos outros e aceitar a ordem de Jesus para "irmos" (Mateus 28:18 e 19).
Apesar de reconhecermos que o processo de transformação é obra de Deus, o Cristão deve fazer a sua parte no investimento do tempo e do esforço, para criar o hábito de procurar Deus e executar as mudanças que são reveladas por Ele. No final da jornada da vida, talvez o melhor que possamos fazer será descrever os nossos fracos ganhos, na gestão dos nossos pensamentos e do nosso progresso espiritual, como uma sinfonia inacabada, que aguarda a sua conclusão quando Jesus regressar.


Sally Lam-Phoon, Diretora do Departamento dos Ministérios da Família da Igreja Adventista do 7ª Dia, Kyonggi-do, República da Coreia do Sul, Divisão da Ásia do Norte e Pacífico in Sinais dos Tempos, 4º Trim. 2012.



Referências:
1. Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP, 1996, p. 420.
2. www.enchantedlearning.com/subjects/anatomy/brain/Neuron.shtml, acedido em 2 de agosto de 2010.
3. Lynne McTaggart, "Entering Hyperspace" in Measuring the Immeasurable: The Scientific Case for Spirituality, Sounds True, Boulder, Col., 2008, p. 346.
4. Ellen White, A Ciência do Bom Viver, Publicadora Atlântico, Sacavém, 1990, p. 176.
5. Dallas Willard, "Transformation of the mind" in Spring Arbor University Journal, verão 2003, p. 1. www.dwillard.prg/articles/artview.asp?aertID=120, acedido em 16 de agosto de 2010.
6. Idem
7. Ver Max Lucado, Grace for the Moment, Thomas Nelson, Nashville, Tenn., 2000, p. 297.
8. M. Robert Mulholland, Jr., Invitation to a Journey: A Road Map for Spiritual Formation, InterVarsity, Downers Grove, III, 1993, p. 12.
9. M. M. Shclitz, C. Vieten e T. Amorok, "Living Deeply" in Measuring the Immeasurable, p. 457.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

DIA  DA  FAMÍLIA


Querido Pai:

Obrigada pela família maravilhosa que me deste:
meu marido, minha esposa, meus filhos; os meus pais, meus avós, e meus primos também.
Obrigada pelo ambiente agradável que vivemos todos os dias!

Em minha casa...
não há palavras vãs, palavras amargas, duras, para atingirmos os nossos queridos...
não há olhares frios, cansados, acusadores...
não há gestos bruscos, irrefletidos, gestos indiferentes que rasgam a alma...
todos nos amamos e queremos proporcionar bem-estar uns aos outros.

Em minha casa...
há sorrisos perdidos em cada canto do lar...
há alegria para repartir e contagiar cada membro mais necessitado...
a música que ouvimos é celestial e eleva o nosso espírito até Ti...
as leituras que fazemos são edificantes e partilhamo-las com os nossos queridos...

Em minha casa...
há sempre um sofá e até uma cama para cada amigo que chega sedento do nosso aconchego...
também não falta um prato de comida para qualquer desconhecido
que com fome, se abeira de nós...
também há roupa, sempre pronta para agasalhar alguém...

Em minha casa...
há sempre uma oração no ar por cada filho, cada neto, cada membro que inicia um novo dia...
por cada amigo que desabafa connosco e que pede a nossa intercessão...
oramos também por aqueles que não simpatizam connosco mas que Te amam
e se estão a preparar para viverem eternamente Contigo...
oramos ainda por aqueles que não Te amam mas que queremos que Te venham a conhecer...

Ops! Perdão Pai! Isto foi um sonho! Um sonho lindo...
Nem sempre a minha família tem sido assim e por vezes até deixamos a porta fechada,
trancada, impedindo que Tu entres no nosso lar!
E pior ainda. No nosso coração!

Perdão, querido Pai! Estamos arrependidos.
Queremos que mudes os nossos hábitos!
Queremos que habites no nosso íntimo e no nosso lar!
Queremos viver o Teu amor na nossa família, a família que nos deste, que escolheste
e planeaste para nós, e que é a melhor de todas!
Obrigada por ela!

Queremos também partilhar o Teu amor com os nossos amigos, com o nosso próximo.
E em cada oportunidade falar de Ti, desse amor e da Tua preciosa salvação!
Ajuda-nos a cumprir a nossa missão como família cristã
no meio em que estamos inseridos!
Em nome de Jesus, Amém.


(Poema de Gabriela Matos - a mãe da Andreia)


A Andreia e os amigos que mais facilmente visitam o seu jardim
www.ojardimdaandreia.blogspot.com


O Nome Permanece (letra da música)

É óbvio que um nome é apenas uma palavra.
Pode ser facilmente esquecido assim que o ouvimos.
Mas um Nome foi falado antes do primeiro dia do mundo
E ainda haverá quando tudo o que é, deixar de ser.
Vindo da boca de Deus veio aos ouvidos de Maria nas asas de um anjo:
Jesus, Jesus!
A Palavra que veio dar a vida por nós. A música que toda a criação canta:
Jesus, Jesus!

As mais poderosas nações da terra vêm e vão mas Jesus, O Nome Permanece.
Quando eu acordo de um terrível pesadelo e o desespero me alcança e me envolve,
Quando eu estou com tanto medo que nem sei o que orar,
Eu simplesmente digo este Nome, e O sinto. E Ele expulsa todo o medo.
Esperança e Promessa eternas: o amanhecer sem fim.
Quando o tempo finalmente chegar ao fim:
O Nome Permanecerá.


Pode ler algo mais sobre Família em:

http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2013/li912013.html

domingo, 5 de maio de 2013

FELIZ  DIA  DAS  MÃES



OS ROLOS DE CABELO

       Quando eu tinha sete anos de idade, ouvi a minha mãe contar a uma das suas amigas que faria trinta anos no dia seguinte. Duas coisas me ocorreram ao ouvir isso. Eu nunca tinha compreendido antes que a minha mãe fazia aniversário; e, segunda, não me lembrava dela ter algum dia recebido um presente de aniversário.
       Achei que podia fazer algo a respeito disso. Fui para o quarto, abri o meu cofre de porquinho e tirei todo o dinheiro que havia nele: cinco moedas. Isso representava cinco semanas da minha mesada. Fui então até à lojinha perto de casa e falei ao dono, Sr. Sawyer, que queria comprar um presente de aniversário para a minha mãe.
       Ele mostrou-me tudo o que tinha no valor de um quarto de dólar. Havia várias figurinhas de cerâmica. A minha mãe teria gostado, mas já possuía uma porção delas e era eu que tinha de lhes tirar o pó uma vez por semana... Definitivamente não serviam. Havia também caixinhas de bombons. A minha mãe era diabética, portanto eu sabia que não seriam apropriadas.
       A última coisa que o Sr. Sawyer me mostrou foi um pacote de rolos para o cabelo. Os cabelos da minha mãe eram lindos, pretos e compridos, e duas vezes por semana ela os lavava e prendia. Quando tirava os rolos na manhã seguinte, parecia uma estrela de cinema com aqueles cachos longos e escuros caindo como uma cascata em volta dos seus ombros. Decidi então que aqueles rolos seriam o presente perfeito para a minha mãe. Dei ao Sr. Sawyer as cinco moedas e ele me entregou os rolos.


       Levei-os para casa e embrulhei-os numa folha colorida da sessão cómica do jornal (não sobrara dinheiro para o papel de embrulho). Na manhã seguinte, fui ter com a minha mãe e dei-lhe o pacote, dizendo, - "Feliz aniversário, mamã!"
       A minha mãe ficou ali espantada e silenciosa por um momento. Depois, com lágrimas nos olhos, ela abriu o invólucro de jornal. Quando encontrou os rolos, estava a soluçar.
       - Desculpe, mamã, - falei. - Não queria fazê-la chorar. Só queria que tivesse um aniversário feliz.
       - Oh, querida, estou feliz, - respondeu. Olhei para os seus olhos e pude ver que sorria entre lágrimas. - Tu sabias que este foi o primeiro presente de aniversário que recebi em toda a minha vida? - exclamou.
       Ela beijou-me então no rosto e repetiu, - Obrigada, querida. - Voltou-se depois para a minha irmã e disse: - Vê só! A Linda deu-me um presente de aniversário! - Em seguida olhou para o meu pai dizendo: - Vê! A Linda deu-me um presente de aniversário!
       Foi então para a casa de banho para lavar o cabelo e prendê-lo com os rolos novos.
       Quando ela saiu do quarto, o meu pai olhou-me e disse: - Linda, quando eu estava crescendo, na fronteira (o meu pai sempre chamava à casa em que vivera na infância, nas montanhas da Virgínia, de 'fronteira'), não dávamos muita importância à tradição de presentear adultos no seu aniversário. Isso era algo feito somente para as crianças. A família da tua mãe era tão pobre que também não podia acompanhar esse costume. Mas ao ver como tu fizeste tua mãe tão feliz hoje, vi-me obrigado a repensar todo esse assunto de aniversários. O que estou tentando dizer é que tu, Linda, estabeleceste um precedente.

       E estabeleci mesmo um precedente. Depois daquele dia, a minha mãe recebia chuvas de presentes todos os anos: da minha irmã, do meu irmão, do meu pai, e de mim. E claro que, quanto mais velhos ficávamos, tanto mais dinheiro recebíamos e ela ganhava presentes melhores. Quando cheguei aos 25 anos, já lhe dera um aparelho de som estéreo, uma televisão a cores e um forno de microondas (que ela trocou por um aspirador de pó).
       Quando a minha mãe fez cinquenta anos, os meus irmãos, a minha irmã e eu juntámos os nossos recursos e comprámos algo espetacular para ela: um anel com uma pérola rodeada de pequenos diamantes. Quando o meu irmão mais velho lhe entregou o anel, na Festa dada em sua honra, ela abriu a caixa de veludo e olhou para a jóia que continha. Depois sorriu e mostrou aos convidados o seu presente especial, exclamando: - Os meus filhos não são ótimos? - Passou em seguida o anel pela sala e foi emocionante ouvir o suspiro coletivo que se fez ouvir, enquanto o anel passava de mão em mão.
       Depois da saída dos convidados, fiquei para ajudar na limpeza. Estava a lavar os pratos na cozinha quando ouvi uma conversa entre os meus pais na sala ao lado. - Muito bem, Pauline, - disse o meu pai. - Esse anel na tua mão é lindo. Acho que foi o melhor presente de aniversário que já ganhaste, não foi?
       Os meus olhos encheram-se de lágrimas quando ouvi a sua resposta: - Ted, - disse suavemente, - o anel é realmente muito bonito. Mas, sabe qual foi o melhor presente que já recebi? Foi o pacote de rolos.

Linda Godman in Histórias Para o Coração da Mãe, Editora United Press

      

AMOR DE MÃE

«Amor de mãe, amor que nunca esquece,
Amor que nos eleva e santifica.
Se dá, se torna a dar, se multiplica
E quanto mais de dá maior parece.

Amor que não é feito de ilusão,
Amor que nos quer bem sem nos dar mágoa
E onde há sempre, sempre a gota de água
Para a sede do nosso coração.


Amor que entende as nossas amarguras...
Amor de Mãe! Pudessem seus desejos
As próprias pedras mudaria em beijos
Para que um filho as achasse menos duras.

As mães! As mães, Senhor! Se elas pudessem
Tirar a toda a flor os seus abrolhos,
Fazer astros à custa dos seus olhos,
Da luz do seu olhar fazer estrelas...


As nossas mães, as nossas mães, Senhor!
Pudessem elas fazer astros da luz que o amor encerra
Não haveria noite sobre a Terra
Em que os passos de um filho se perdessem!

As nossas mães, as nossas mães, Senhor!
Pudessem elas ser o mar profundo
Para que um filho atravessasse o mundo
Sobre a onda imortal do seu amor!


Oh, que doce seria o navegar
sem tormenta através desses espaços...
A nau seria a curva dos seus braços,
O farol toda a luz do seu olhar.

E fosse o mar da vida imenso, enorme,
Maior ainda do que a gente teme,
O coração de Mãe iria ao leme,
O coração de Mãe é que não dorme!
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Palavras do Coração das Mães